9/13/2009

Dúvida: a Maldição do Homem! - mas não é certeza...



Quando não se tem inspiração...
Quando o trabalho te transforma em um objeto mais duro do que aquilo que você já é...
Quando você tosse, tosse, tosse, e não sai nada, e nem engasgado você está,
Quando nem desanimado, nem empolgado...
Quando tão neutro, tão neutro, que nem ofender alguém você consegue, pois acha isso injusto (tão sem charme esse sentimento), ou desiste da ofença porque tem muita preguiça (essa é ótima)...
Quando estiver assim, eu te darei um conselho, pode apostar!
Eu te direi e-x-a-t-a-m-e-n-t-e o que fazer, mas tenha uma certeza, tenha certeza daquelas que de tão falsas são absolutas:
- O meu conselho será caríssimo! E não garanto que irá funcionar com você, pois não conheço nenhum de seus crimes, e não saber dos crimes de um homem, é saber nada sobre ele!

8/24/2009

Ao sair de Roma...



Desde quando você precisa disso? Já falei pra você, o jogo não é esse. O que faz de você tão diferente, se for muito acentuado, se for demais ensaiado, perde a naturalidade e vai te abandonar. Você é a força da natureza explodindo a cada segundo. Sei da natureza inconstante, mas será também que se dissimula nas artificialidades? Você é tão natural enquanto dorme. Preste mais atenção no seu dormir, é assim que você era. Tão forte, sua voz, seu ar, os furacões que saem de você enquanto respira. Senti-me envergonhado. Depois que se mudou de endereço, nunca mais te encontrei. Mesmo nos seus convites... Não parecia você. Seu cabelo, suas cores.


O jogo não é esse, mas parece que você deixou seus brinquedos nas gavetas de sua antiga cômoda. Mudou-se de casa. Acredito na sua belíssima mudança. Seu novo poder, sua nova pose. Seu corpo adquirido pelo tempo. Parece que cresceu. É óbvio o seu tamanho. Os salões se abrem para você. - Já previ tudo isso.


Não quero estragar seus dias, inventar histórias para você correr, deslizar, enlouquecer, arremessar suas coisas na parede. Vou partir de Roma, vou embora, levar todas as coisas, jogá-las fora, queimar, atirar tudo pela janela, mas levarei comigo algumas fotos. Irei para longe de Roma. Não! Eu rasgarei todas as fotos, e as lembranças, mesmo as por mim apagadas em um ataque súbito de fúria, como os furacões raros...


As lembranças apagadas eu as verei às vezes, mas será como assistir a um filme antigo, quando sinto saudade do que nunca vivi. Olhando os pedaços de fotografias juntados naquela hora humilhante que ninguém pode nos ver. Aquela hora que não somos nós mesmos, ajoelhados no chão a juntar cacos, na hora em que deixamos de ser os filhos da Natureza Inquieta. Olharei o filme antigo e sentirei saudade, vou pronunciar bem baixinho as falas dos atores, repetindo como se fosse comigo, imaginando o que nunca foi.


Quando eu resolvi fazer esta viagem eu já sabia o que estava por vir. Mas quem pode, ao ter conhecido o futuro através de uma cartomante ousada, resistir à tentação de se entregar ao próprio destino?


Você nasceu para ter quase infinitas experiências. Dentre elas, os seus limites ainda se formam, mas ainda faltam seus medos surgirem, falta tanto de muito, falta ainda o mundo te jogar alguma sujeira na sua pele branca e lisa. Falta ainda mergulhar em alguma água escura, cometer crimes sigilosos. Falta você perder o que tem de mais caro. Falta ser descoberta.


Meus terremotos, sopros, minha Natureza Arredia e Violenta não pode mudar o seu curso suave, delicado e contínuo. Posso fazer meus raios tão brilhantes e atraentes, cortantes e maus, descargas elétricas alucinantes, tormentas, vulcões ácidos e corrosivos, tendo a certeza que tudo isso te arrebatará e te arremessará, posso arranhar sua pele, seu sono, mas eu só estaria apressando sua saída das minhas Terras, meu pequeno riacho, cujas águas ainda vão molhar diversas planícies, ainda vão se secar em terreno árido, pedir por alguma chuva, ainda transbordarão e se sujarão, antes, muito antes de encontrar minha tempestade novamente, se eu ainda for um Elemento da Natureza.


Eu fiquei envergonhado quando passei perto de você. Vim caminhando em sentido contrário e não acreditei no que estava vendo. Aquele seu vestido lindo... O mundo ficou reduzido, o mundo todo cabia em qualquer casca de noz, naquela hora entendi como ele cabe em algo tão pequeno. - Meu Pequeno Mundo Reduzido. Quando passei ao seu lado não te olhei. Não era um jogo, era uma tempestade gelada com uma aparência de infinito rubor. Acredito que você deva ter sentido um ar mais quente, uma brisa de calor que saiu de meu rosto corado. Seu sorriso estava ainda mais jovem, parecia o primeiro sorriso de alguém que nasce para algo. Seu sorriso me ofuscou. Você não me viu. Não poderia jamais me enxergar. Ficaria imperfeita se me visse. E eu resumido. O calor de meu rosto corado tocou sua pele. Você sentiu, eu percebi. Nossos corpos por pouco não se esbarraram. Quase nos encostamos. Quase sentimos o cheiro um do outro. Por um pequeno segundo, quase... Quase, quase nos tocamos...


Passei e não olhei para trás. Duas ondas tão grandes se colidiram em outro lugar.

Assim fui embora para sempre de Roma. Mas aquele vestido ficou tão lindo em você, e o seu sorriso...


Alex Wildner ao som de Sufjan Stevens.
Em um dia de inverno chuvoso, enquanto ele ainda é jovem.
Se não chovesse tanto, se não estivesse só,
se não tocasse Sufjan Stevens,
Tudo estaria diferente...

8/11/2009

Veuve and Bourb - A(s) Receita(s)...



Para pouco mais de 2 mol de leitores (7% da média total) que pediram para eu publicar a receita na internet, aqui vai, vinda diretamente da República Tcheca, de um querido que faz tanta falta, que faz tanta falta, que eu não sei mais nada... Enfim, logo nos veremos, e para nós, solitários nos modos, estilos e alma, um brinde!


“Querido Alexxx,
Seguem abaixo as versões mais importantes do Veuve and Bourb que eu digitei com um sorriso no rosto e muito carinho para você e os seus, divirta-se:


Versões de Veuve and Bourb:


1) De primeira classe: Você com grana, ou tipo uma festa da Dior no Hotel Fasano:
- Em uma taça flute - daquelas altas e magras - sirva 3/4 de Veuve Clicquot geladíssima e complete o resto com qualquer Bourbon (Four Roses ou o bom e velho Jack Daniels).

2) De classe econômica: Você com grana, mas nem tanto ou tipo festa de casamento de uma prima bacana:
- Em um copo de vinho sirva 2/3 de um bom espumante gelado (Chandon Brasil ou qualquer outro vinho de qualidade, mas que seja seco, Brut - para minimizar a ira do inferno) complete com um Bourbon - de preferência - ou o melhor Whisky que houver na casa - usei um Johnny Walker naquela noite, por exemplo.

3) Viajando no compartimento de bagagens e sem passaporte: Você com a grana da balada contada e o passe de metrô na mão, ou tipo reunião de estudantes na rodoviária do Tiete, ou em alguma estação na ultra Zona Leste:
- Em um copo, caneco ou vasilhame limpo, sirva 1/2 de qualquer vinho que fizer espuma (com ou sem chacoalhar, tipo Cidra da Cerezer pra baixo) que esteja frio ou na temperatura ambiente - quente não vale, mas pode botar um gelinho.


Preencha a outra metade com o destilado que mais lhe lembre Whisky (Uísqui, céus!) na cor ou sabor, de preferência ambos (um Teacher's ou Passaport pra baixo). Se você decidir não amarrar, não se esqueça de segurar bem o tchan!

A mistura de drogas com essa bebida não é aconselhável, mas se der muita vontade, pode meio Valium, dos de baixa dosagem, Lexotan nem pensar!

Lembre-se de ficar perto de um sofá bem macio.

Se o negocio é querer dar uma energizada, um Red Bull antes e outro depois podem fazer O truque, nem vou mencionar remédios ou drogas nesse caso - se bem que um Reductil deve dar uma turbinada.
Antes de beber, claro, faça um sinal da cruz e peça perdão a mãe natureza por ir contra todas as suas regras no que diz respeito ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas.

Servindo essa bebida, não faça muita propaganda, nem ofereça muito, lembre-se que as pessoas vão acordar no dia seguinte e se lembrar de que começaram a noite na sua casa - portanto, que esse não seja o primeiro drink da noite! Eu recomendo no mínimo uns dois Dry Martinis e uma primeira taça de champagne antes de entrar no Veuve and Bourb.

Para os corajosos, é claro, pode mandar de prima e não precisa (aliás, e é até melhor) não ter jantado/almoçado antes. Por ética não incluí o café da manhã no hall das refeições, sendo que quem encara um drink pela manhã, geralmente não está a par da sequência e horários das refeições do dia.
Mande brasa e me conte tudo!


Um super abraço,

J.J. Marcondes"




8/07/2009

Un po' di piccola Gratitudine



Hoje em dia recebo, mês sim, mês não, agradecimentos, champagnes, garrafas de gin e vinho, dos professores que eu tanto briguei e provoquei durante minha graduação, há tempos encerrada.

Hoje me agradecem.

Eles me agradecem. Todos. Sentem minha ausência, não por causa da minha saída pela ribalta, por eu ter terminado a faculdade e estarem livres do pequeno demônio desafiante, mas por terem sido estimulados, tão causticamente, como poucas vezes foram obrigados a trabalhar e repensar seus formatos tão severa e rapidamente.

São gratos.

Se tiverem a oportunidade de escolher como serão reconhecidos, optem por ser o incômodo.

O Gênio. O Sábio. O Belo. O Astuto. O Achaque. A Doença. O Mal. O Incômodo.

Todo Incômodo tem seu Talento.

Como seus corpos optam pelo vírus.

Fico feliz por vocês!

Pensaram mesmo sem querer, sem terem planejado.
Sem preparo. Não são todos que têm esta sorte.

Mas não mais me chamem de demônio, por gentileza, assim vocês acabam ofendendo todo um inferno. Desnecessário, e isto pode ser gratuitamente sério!


A deus!

7/20/2009

Veuve and Bourb



E do alto do lugar para onde sempre se mudam, e se encontram por escolha própria, eles abrem duas garrafas, Veuve and Bourbon...
Não será necessário descrever esses meus queridos colegas, sua essência vai dar o ponto exato do fogo. Sem mais, sem menos. Um tanto que nunca se viu.

-Por isso eu sou assim, me mudo sempre para o mesmo lugar... A diferença entre fazer o que quer, e ser dependente de alguma coisa...
Na verdade eu usei sim. Esses entorpecentes compráveis com receitas médicas chiquérrimas são péssimos! O único excesso que esses pequenos comprimidos possuem é que são suaves demais. Quando estou fraco, tudo bem, acabo por me perdoar sempre!

- Estar deprimido hoje em dia é viver a realidade!

Pausa pequena. Gole.

- Não se diz por aí, mas depressão é o estado mais sincero que um ser humano pode viver. Olhando o mundo atual, é totalmente cabível!

- Acho que vamos ser enforcados se continuarmos com isso!

Pausa. Pensam na forca. Riem.

- A depressão deveria ser mais bem aproveitada, e não ser combatida. Acredito que é exatamente por isso que ela sempre volta...


Gole.
- Porque foi expulsa?... Eu já escrevi algo sobre isso em um texto, concordo. Fugir do entregar-se. Ser expulso de algum lugar sempre dá mais tempero às coisas. Também voltaria se eu fosse uma depressão, mesmo que das vulgares.

Olha para alguém.

- Veuve and Bourb, por gentileza!

A taça vai sendo preenchida.

- Impossível não olhar para os gestos das pessoas e não se deprimir. Então outras pessoas, deprimidas também, claro, mas muito bem remediadas, lidam com aqueles deprimidos como se esses tivessem um defeito, ou pior, como se fossem um problema. Aí é sempre a mesma novidade. Você viu aquele diretor? Nossa! Depois do rompimento com a esposa, e aquele designer de interiores, vive viajando, a esposa dele, dizem, sumiu com outro! Ela está morando duas quadras pra baixo da Louis Vuitton... coitados!



Pensam na situação um pouco...


– Coitados? Tenho pena deles, voltem logo para seu zoológico! Sua jaula já está limpa! 

Riem mais! E Veuve and Bourb!
Obviamente com mais um pouco disso eles virariam astros!

- Meu amigo falou que não lava mais a própria roupa, e nem deixa ninguém lavar! Pois “elas tem o cheiro de onde ele foi”...

– Interessante!

- Claro que eu perguntei porque e para que ele ainda usava roupa, pois se for para não lavar, então é melhor nem usar! As roupas foram feitas para serem todas guardadas, você já sabe disso!

- O que ele disse?

- "Eu uso roupa para as pessoas não me verem..."

- Perfeito! Este é um exemplo de se utilizar bem uma bela depressão!

Este seu amigo vai longe!

- A última pergunta que ele me fez foi uma bem simples. Por que as pessoas não olham pra mim, amigo? ... O que se responde em uma hora dessas já está na ponta da língua!

- Ah, sempre essa! Claro, depois de enforcado um defunto sempre muda de opinião! Mas o que você disse?

Enchem mais uma taça de Veuve...

Pausa. Quase parecem esquecer do que falavam.
Mais pausa.
De súbito retornam.

-Eu fiquei espantado! Então disse-lhe: "Sério? Quer saber? Você tem sorte amigo, sorte por não ser visto!!!
Mas conte-me um segredo, estou ansioso para saber, não vejo a hora de aprender esta magnífica habilidade, o que você fez para ficar invísivel?"

- Notável, notável! E ele respondeu?

- Claro que não, este é o seu maior segredo, ele só falaria por um preço muito alto!

- Preço ou valor?

- Preço... Sobre os valores falaremos outro dia, quando não bebermos Veuve e não estivermos na sombra...

.

3/05/2009

Até onde ela vai?



Será que a poderosa e sem precedentes crise afetou o universo dos pedintes?
Nietzsche disse, eu acho, na verdade me disseram, que quem não tem nada não pode perder coisa alguma, por razões óbvias, mas e agora? E quem não tem nada e recebe de quem tem, como vai receber se os que tem não tem mais?
Vou perguntar para os mendigos sobre a crise e logo trarei a resposta...

2/19/2009

O que importa é o que vem em sequência!



O que me importa? Eles estão todos loucos correndo de um lado para outro? E nem loucos são!
Esses cristais tão belos paradinhos. Metais. Pedras. Pedrinhas no sapado, nem tão grande a ponto de me fazer tropeçar, nem tão pequenos a ponto de perfurar minha pele...
Pedras, e nem no caminho estão.


Estou sim, soterrado, mas de respiração e ímpeto.

Joguem terra por cima de mim, preciso descansar um pouco...

Amaldiçoado! Que me joguem as pragas, por gentileza!

Xingado! Isso sim, isso, eu preciso de auto-estima amigos,
xinguem.

Sufocado? - Claro! Mas quem precisa respirar?

Deixo aqui o meu aperto de mãos!

Do mais que insuportável,


Alex Wildner
...

2/09/2009

Será que a revista me enganou?



Eu não acreditei no que está escrito, serei excluído da sociedade?
Semana que vem terei mais o que ler, mas e se eu não acreditar nas palavras da próxima edição? Serei excluí... GLUPT!

1/12/2009

Olhar de semi instante



Claro que sou bonzinho, mas também sou navalha afiada!
Nas minhas palmilhas piso sobre umas pedrinhas pequenas, quase invisiveis, tenho também um código mágico de uma porta secreta que se abre quando somem as saídas, é a porta de um submarino!

Ah a fumaça do momento...

Caminhando num bairro de São Paulo, esbarrei em uma baixinha loira, ela falou umas palavras que seriam estranhas se não fossem de uma língua que é minha conhecida, daí uns caras enormes me olharam, mas eu dei somente um semi instante de olhar para eles, ainda de lado e de saída, algum ar saiu do meu nariz em uma respiração de minúsculo desprezo ou deboche. Ela se irritou com esse meu gesto tão comum.


Depois disso parei em um bar. Várias pessoas conversando, gente bonita, sorrisos, corpos, peles, olhos, lábios, gargalhadas, olhares, roupas bacanas e cheias de tarjas de nomes italianos, franceses, americanos, Calvins e Ralphs, Giorgios e Christians, Dolces... enfim, fiquei poucos minutos ali porque não havia nada de interessante pra fazer nem olhar. Antes de sair do jetset um gigante me segurou pelo braço, que eu deixaria pra ele de presente se eu não tivesse apenas dois braços, mas tudo bem, ele quis saber quem eu era, o que fazia e por que eu era “assim”. Assim como cara? Aff... se solta de mim... Ele insistiu em mim e ainda me disse que “ela” queria me conhecer. A minúscula loira, cantora marombada e viciada em kabala iria para outro bar por ali, me convidou pra ir...

Mais alguns passos e eu já estava em cima da minha moto, andei por um tempo até chegar na casa de um amigo. Quando vi já tinha sido, a Madonna já deveria ter virado abóbora, mas amanhã eu encontro meus primos, e vamos nos divertir. Se eu sentir saudade da cantora eu baixo um mp3 dela, qualquer será suficiente.

Fumaça do momento...
mas desta vez era o resto de minha saída.

Sussurro do silêncio.


...