7/21/2011

Cranberry Islands


Nas verdades sinceras, na ventania de nossas entregas, sobre um fio, suspensos...


Vou cometer outro crime fatal, apesar de saber há tanto tempo o que devo e o que nao devo fazer, nao resisto à tentaçao de expor minha pele ao sol...
Prometi a mim mesmo nao cometer esse pecado, me arrendo sempre depois, mas o prazer da confissao é inegável! - Que resulte em nada! - Nao me importo! - Nao busco resultados, nao busco nada, nao olho para ver onde estou indo...
É maravilhoso estar à deriva...
Minha confissao segue ao som de uma música que eu conheci aqui, na Cidade-de-Plástico!  Que ironico! Tudo plástico, todas as coisas aqui tem somente um lado, o lado de fora... e logo aqui foi acontecer isso comigo... fervilhar meu terreno fértil...
Sua fotografia está agora diante dos meus olhos, pendurada a parede. Estou congelado diante de voce, com muito calor no meu sangue. A trilha sonora é um violino e um piano que tocam aqui e fazem o som delicado do seu olhar, aquele olhar de um segundo, fulgaz, que esconde nao sei o que... - Nao quero decifrar, que seja esse o seu segredo... e como é delicioso esse mistério...
Nao importa se só vejo areia, se o vento traz poeira, se tenho meus olhos irritados, se o ar fica difícil de respirar, o sono é pouco, o cansaço é maior... o meu pequeno terreno fértil permanece úmido. Meu peito fertil é estrangeiro na Cidade-de-Plástico!  Nao temo a aridez das coisas. Estou brotando e fervilhando por dentro. Nao devo te confessar isso, mas o que eu posso fazer? Deixei o eu-forte  e o eu-cruel  trancados do lado de fora do meu quarto, e aqui está somente o eu-menino... o menino que te olha perdido, que, mesmo sem te esperar, aguarda voce. Aqui estou só, estou comigo mesmo, é apenas um de mim quem te escreve, é ele quem se abre... Voce, minha chuva que cai aqui por dentro... Voce, minha brisa delicada e orgulhosa... Voce, minha dúvida, meu passo em falso... Meu passo em falso, meu passo em falso... Nao me importo em deslizar e me perder... A minha única decisao foi vir até aqui só para ver o que acontece...
Se tudo for só isso, entao já será mais do que é preciso, por que de nada necessito, se o nosso tempo for só um momento, que assim seja, mas que seja intenso, que vivamos, que respiremos o nosso ar, que ele seja nosso enquanto estiver dentro de nós, e que deixemos ele sair quando for a hora... Pois a única coisa que temos é o tempo que vai se passando, nao temos nem a nós mesmos, nao podemos nos segurar no fio do tempo, estamos somente equilibrados suspensos em uma linha... Respiremos livremente. Pois sem o ar solto, nao poderemos ficar equlibrados na linha, cairemos e perderemos a vista maravilhosa de todas as coisas... Esse frio que dá na barriga quando cruzamos lá no alto caminhando sobre a linha viva... quantas maravilhas e quanta vida podemos ter e ver do alto, podemos desfrutar enquanto respiramos, e respirar enquanto desfrutamos, com nossa pele tao sensível, a mais delicada de todas... tudo para podermos tocarmos um ao outro. Tocarmos um ao outro... Suspensos... Que faz voce aí distante? Deslize sobre a linha... Que destino te trouxe aqui? Nao me responda, só deslize, deixe-se suspensa, e, ora ou outra, solte seu ar sobre mim...




Alex Wildner nao sabe o que se passa do lado de fora...
ele olha da janela e nao ve...
Para ele nao há janelas,
O que há, um mundo inteiro, um infinito.
Para ele, o lado de fora da janela está dentro,
pois todos os lados sao um só!
Ah, esse menino, vive embaralhando as coisas,
os tempos, os espaços, os sentidos...
dissolve o dentro e o fora, o tudo e o nada.
Ele olha da janela e nao ve lá fora, pois nao há mais lados para se ver...
tudo é como deveria ser, sem fim!